domingo, 20 de setembro de 2009

Assoreamento avança na Lagoa da Pampulha

Notícia divulgada no Portal UAI, em 18 de fevereiro de 2009.



A barragem da Pampulha, projetada na década de 1930 para servir de abastecimento de água e também como área de contenção de água das chuvas, já não tem mais a primeira das características devido à poluição e corre o risco de perder também a vocação de conter cheias. Esse é o principal assunto a ser discutido nesta terça-feira em reunião entre associações de moradores, o prefeito Márcio Lacerda e o secretário Regional da Pampulha, Osmando Pereira da Silva, no Iate Tênis Clube. O assoreamento e o esgoto são os grandes inimigos da lagoa – um dos principais cartões-postais de Belo Horizonte. Nos últimos oito anos, a prefeitura investiu pelo menos R$ 200 milhões em intervenções no local, segundo a Secretaria Municipal de Políticas Urbanas (Smurb). No entanto, representantes das entidades temem que a sujeira proveniente de esgoto e o acúmulo de resíduos e areia no espelho d’água enterrem de vez a lagoa e a retirem do cenário turístico da capital.

“Projetada há 73 anos, ela tinha o caráter de abastecimento, que perdeu, e, ao longo dos anos, a situação piorou. Houve forte processo de assoreamento e nosso receio é que a lagoa perca também as características de barragem, que é a capacidade de absorver e conter as águas dos temporais”, afirma o diretor de meio ambiente da Associação dos Amigos da Pampulha, o engenheiro ambiental Carlos Augusto Moreira. Segundo ele, é necessária uma política mais incisiva que reduza ao máximo a quantidade de detritos na lagoa.

Moreira observa também que o mau cheiro é outro agravante. “Infelizmente, isso se tornou muito comum e o risco de o espelho d’água perder a vocação turística também aumenta. Na reunião, vamos propor iniciativas para que esses problemas sejam sanados. Recentemente, em uma obra emergencial para corrigir o interceptor de esgoto, houve a necessidade de rebaixar o lençol da lagoa. Vi o quanto de terra há na barragem e o perigo disso tudo. O rebaixamento fez emergir a verdade de que a Lagoa da Pampulha está morrendo a cada dia, com o imenso volume de sedimentos”, salienta o engenheiro.

Dados da Smurb mostram que em 1936, época de fundação da barragem, havia cerca de 18 milhões de metros cúbicos de água. Na década de 1980, o nível chegou a 7 milhões de metros cúbicos. A secretaria explica que desde 2001 ocorre trabalho contínuo de recuperação da lagoa, o que inclui a retirada de 1,6 milhão de metros cúbicos de sedimento, substituição da comporta de fundo da barragem, construção de novo vertedouro, entre outras iniciativas.

Dentro do padrão


Os resultados, de acordo com a Smurb, são visíveis no volume atual de água, que alcança 9,9 milhões de metros cúbicos, ganho de 17,2%, comparado com o volume registrado pelo Centro de Desenvolvimento de Tecnologia Nuclear em 1999. A Secretaria de Políticas Urbanas afirma ainda que a vazão das águas da lagoa está dentro dos padrões de segurança e que a rede de drenagem de toda a orla foi adequada e os alagamentos, minimizados. Para evitar o acúmulo de detritos, a prefeitura retirou, no ano passado, mais de 9 mil metros cúbicos de sedimentos.

Mas o esgoto é ainda um dos grandes desafios. Cerca de 60% dos córregos que deságuam na Pampulha estão localizados em Contagem, na Grande BH, e, para solucionar problemas de saneamento e evitar que o esgoto seja lançado nos rios, foi criado o Consórcio de Recuperação da Bacia da Pampulha, com representantes das prefeituras de BH e Contagem. “Nosso principal trabalho é o de educação ambiental nas duas cidades. São mais 40 córregos que abastecem a lagoa e grande parte deles já foram tratados. Mas ainda é preciso conscientização e apoio da população”, explica o presidente do consórcio, Leonídio Soares. A Copasa também desenvolve uma série projetos de implantação de tubulações, em Contagem e BH, para evitar que o esgoto deixe de cair nos cursos d’água e seja tratado na estação do Ribeirão do Onça.

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