A promessa é de que nos jogos da Copa de 2014, em Belo Horizonte, torcedores vejam um cartão-postal digno de fotografia na parede, e sem mau cheiro. A Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) pretende que em três anos a Lagoa da Pampulha esteja despoluída. Isso significa navegar, nadar e pescar na represa. Mas também superar desafios de mais de duas décadas, que persistem sem solução. O exemplo mais recente são as cianobactérias, micro-organismos nocivos à saúde e conhecidos como algas azuis. Como informou o Estado de Minas sexta-feira, o espelho d’água está infestado delas, revestido de uma crosta verde e malcheirosa. O fundo do problema e, de vários outros, é o esgoto.
“Antes mesmo da Copa, em 2012, vamos concluir as obras de saneamento que dependem exclusivamente de nós, instalando interceptores de esgoto em Contagem, na região metropolitana, e em Belo Horizonte. São investimentos de R$ 60 milhões”, afirma o superintendente de serviços e tratamento de efluentes da Copasa, Ronaldo Matias. As obras mais importante, iniciadas em junho, são os 35 quilômetros de rede sanitária, entre coletores, nos bairros Xangrilá, Tijuca, Bom Jesus e Vale das Amendoeiras, em Contagem, e interceptores no Córrego Água Funda, que deságua na Pampulha, e ao longo de parte da margem esquerda da lagoa.
A tubulação levará os dejetos a quatro estações elevatórias, que bombearão o material até a estação de tratamento de esgoto do Onça (ETE-Onça). Toda essa engenharia custará aos cofres da Copasa R$ 16,2 milhões e livrará o espelho d’água de 2,5 milhões de litros de esgoto por dia. A obra deve ser concluída em dois anos. Matias ressalta que o desafio são as vilas e favelas situadas próximas aos afluentes da represa, nas quais não há redes sanitárias. “Essas ações dependem de um trabalho coordenado entre Copasa e as prefeituras de Belo Horizonte e Contagem”, pondera. Ele ressalta que análises da qualidade da água feitas na lagoa têm indicado aumento da quantidade de oxigênio.
Impactos
Mas a melhora desses índices não consegue resolver problemas antigos, pelo contrário. Segundo a pós-doutora em cianobactérias Alessandra Giani, pesquisadora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), desde 1997 as águas da represa não são tomadas de forma tão avassaladora pelas algas. “Fiquei assustada. Vejo isso como um alerta. Se não diminuirmos os impactos no meio ambiente, o sistema não terá condições de se recuperar. A única coisa que temos a pensar é em um tratamento mais efetivo do esgoto e maior arborização, evitando que sedimentos caiam na lagoa”, afirma. O excesso de matéria orgânica nas águas, a pouco oxigenação e a escassez de consumidores levaram à reprodução excessiva desses organismos tóxicos.
A proliferação das algas reflete um ambiente desequilibrado e poluído, com grande oferta de matéria orgânica. “Quando aumentam muito os nutrientes, há uma explosão da população de algas. O risco é que as cianobactérias são tóxicas. Podem ser perigosas para animais e seres humanos, levando até à morte”, alerta. Alessandra afirma que estudos feitos na Pampulha, em 1993, já apontavam a má qualidade da água. Em 1998, houve certa melhora. Mas análises feitas no ano passado indicaram uma piora no espelho d’água, com aumento de nutrientes lançados pelos esgotos.
Segundo a pesquisadora, a proliferação de algas este ano deve ter como causa as altas temperaturas, combinadas com o tempo seco, que aumenta a concentração do esgoto. Esse trio favorece a proliferação dos micro-organismos. “Este ano está havendo muito calor para o mês de inverno. A retirada dessas algas é inviável. A única coisa que se pode fazer é diminuir a quantidade de nutrientes que as fazem crescer. Ou seja, acabar com o esgoto”, diz.
Limpeza
Segundo a Secretaria Municipal de Políticas Urbanas, a limpeza da Lagoa da Pampulha é feita diariamente. São usados dois barcos e uma balsa, num trabalho que envolve 30 pessoas. O volume de lixo recolhido diariamente é de 20 toneladas no período chuvoso e a metade na época da seca. O maior volume de resíduos sólidos se concentra perto dos córregos Ressaca e Sarandi. Anualmente, são retirados sedimentos que chegam à represa, para evitar assoreamento do espelho d’água. As principais obras em curso na região e que vão garantir melhoria do saneamento da bacia da Pampulha são a urbanização das vilas São José e Califórnia, nas regiões Noroeste e Nordeste da capital, respectivamente.
“Antes mesmo da Copa, em 2012, vamos concluir as obras de saneamento que dependem exclusivamente de nós, instalando interceptores de esgoto em Contagem, na região metropolitana, e em Belo Horizonte. São investimentos de R$ 60 milhões”, afirma o superintendente de serviços e tratamento de efluentes da Copasa, Ronaldo Matias. As obras mais importante, iniciadas em junho, são os 35 quilômetros de rede sanitária, entre coletores, nos bairros Xangrilá, Tijuca, Bom Jesus e Vale das Amendoeiras, em Contagem, e interceptores no Córrego Água Funda, que deságua na Pampulha, e ao longo de parte da margem esquerda da lagoa.
A tubulação levará os dejetos a quatro estações elevatórias, que bombearão o material até a estação de tratamento de esgoto do Onça (ETE-Onça). Toda essa engenharia custará aos cofres da Copasa R$ 16,2 milhões e livrará o espelho d’água de 2,5 milhões de litros de esgoto por dia. A obra deve ser concluída em dois anos. Matias ressalta que o desafio são as vilas e favelas situadas próximas aos afluentes da represa, nas quais não há redes sanitárias. “Essas ações dependem de um trabalho coordenado entre Copasa e as prefeituras de Belo Horizonte e Contagem”, pondera. Ele ressalta que análises da qualidade da água feitas na lagoa têm indicado aumento da quantidade de oxigênio.
Impactos
Mas a melhora desses índices não consegue resolver problemas antigos, pelo contrário. Segundo a pós-doutora em cianobactérias Alessandra Giani, pesquisadora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), desde 1997 as águas da represa não são tomadas de forma tão avassaladora pelas algas. “Fiquei assustada. Vejo isso como um alerta. Se não diminuirmos os impactos no meio ambiente, o sistema não terá condições de se recuperar. A única coisa que temos a pensar é em um tratamento mais efetivo do esgoto e maior arborização, evitando que sedimentos caiam na lagoa”, afirma. O excesso de matéria orgânica nas águas, a pouco oxigenação e a escassez de consumidores levaram à reprodução excessiva desses organismos tóxicos.
A proliferação das algas reflete um ambiente desequilibrado e poluído, com grande oferta de matéria orgânica. “Quando aumentam muito os nutrientes, há uma explosão da população de algas. O risco é que as cianobactérias são tóxicas. Podem ser perigosas para animais e seres humanos, levando até à morte”, alerta. Alessandra afirma que estudos feitos na Pampulha, em 1993, já apontavam a má qualidade da água. Em 1998, houve certa melhora. Mas análises feitas no ano passado indicaram uma piora no espelho d’água, com aumento de nutrientes lançados pelos esgotos.
Segundo a pesquisadora, a proliferação de algas este ano deve ter como causa as altas temperaturas, combinadas com o tempo seco, que aumenta a concentração do esgoto. Esse trio favorece a proliferação dos micro-organismos. “Este ano está havendo muito calor para o mês de inverno. A retirada dessas algas é inviável. A única coisa que se pode fazer é diminuir a quantidade de nutrientes que as fazem crescer. Ou seja, acabar com o esgoto”, diz.
Limpeza
Segundo a Secretaria Municipal de Políticas Urbanas, a limpeza da Lagoa da Pampulha é feita diariamente. São usados dois barcos e uma balsa, num trabalho que envolve 30 pessoas. O volume de lixo recolhido diariamente é de 20 toneladas no período chuvoso e a metade na época da seca. O maior volume de resíduos sólidos se concentra perto dos córregos Ressaca e Sarandi. Anualmente, são retirados sedimentos que chegam à represa, para evitar assoreamento do espelho d’água. As principais obras em curso na região e que vão garantir melhoria do saneamento da bacia da Pampulha são a urbanização das vilas São José e Califórnia, nas regiões Noroeste e Nordeste da capital, respectivamente.
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